Cada vez, que se fala de templàrios, hà um grande mistério à volta desta organização.
A sua vida medieval levou-a à existência de dezenas de lendas misteriosas.
E o seu interesse motivou a produção de montes de livros, e ficção no cinema.
No livro e no filme “O Código da Vinci “, falava-se de templàrios.
Em todos os filmes de Indiana Jones : “A lenda do tesouro perdido”, “ A arca da aliança”, “Indiana Jones e a ùltima cruzada” falava-se de templàrios.Um grande segredo sempre envolveu esta poderosa ordem.
Afinal até nem se sabe se os Templàrios eram uma Ordem militar ou religiosa.
De uma maneira muito simples, poderíamos começar…dizendo que esta ordem foi criada na idade Média, para proteger dos ataques muçulmanos, os pelerinos que caminhavam até Jerusalem para ir visitar o sepulcro de Cristo.
A Ordem Militar do Templo foi fundada em França, na região de Champagne, no ano de 1118, no contexto da realização do Concílio da cidade Cisjordâniana de Naplus. Um movimento cristão, constituido por cavaleiros, e criado para proteger os movimentos de peregrinação que se deslocavam aos lugares santos do Cristianismo no Médio Oriente, numa época em que o poder islâmico estava a crescer.
A Ordem dos Templàrios tambem era chamada a Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo porque ao entrar na ordem, os cavaleiros tinham de fazer voto de pobreza, castidade e obediência.
E para se tornarem monges, usavam mantos brancos com a característica cruz vermelha.
Tudo foi dito sobre esta ordem…
Que eram autênticos santos que deram a vida para salvar a vida dos cristãos.
Que salvaram o Santo Graal de um diabólico Papa.
Que estiveram em posse desse Santo Graal.
Que eram membros de uma sociedade secreta, capazes dos actos mais bárbaros para angariar poder e dinheiro.
Que tinham uma biblioteca com livros que tinham sobrevivido à destruição da biblioteca de Alexandria.
Que eram donos de um tesouro incalculàvel. Uma tal riqueza que ainda hoje, 700 anos passados sobre a sua extinção, são muitos os que continuam ainda à procura do tesouro dos Templàrios.
Uma outra questão sobre esta organização secreta diz respeito à sua fulgurante ascensão.
Vejam bem…de um pequeno grupo com apenas nove membros em 1118, transformou-se em menos de dois séculos, na mais poderosa organização da Europa, com propriedades em vários países e com uma capacidade financeira que lhe permitiu, até, emprestar dinheiro a monarcas.
E independente das hierarquias religiosas que existiam naquela época, o Ordem do templo, que afinal estava sobre a dependência directa do Papa gerou tantas invejas que não admira que, quando Filipe, o Belo, rei de França, resolveu persegui-la, muitas pessoas aliaram-se ao rei para combater a Ordem.
E é de prescindir que foi este grande movimento de combate contra os Templàrios que os levou à extinção.
Mas para bem perceber a grande história desta Ordem, temos que recuar de alguns anos para chegar ao ano 1095, quando Alexius primeiro, imperador romano no Oriente, enviou ao Papa Urbano segundo, um pedido de auxílio contra a ofensiva turca.
O Papa Urbano lança então uma cruzada para libertar a cidade santa de Jerusalem e proteger os cristãos que estavam em perigo naquela parte do Oriente, contra a ofensiva muçulmana.
Foi de pedir à nobreza, que na altura estava frequentemente envolvida em brigas e assuntos de dinheiro, que fosse lutar e salvar o cristianismo.
E o Papa teve aquela frasesinha que diz tudo sobre o seu pensamento sobre a nobreza:
“Permiti que os ladrões se tornassem cavaleiros! “
E foi assim que ele mandou reunir um continente inteiro sob a mesma bandeira e objectivo.
No dia 15 de Agosto de 1096, teve então início a Primeira Cruzada com um chefe à cabeça do contigente, na pessoa de Godefredo de Bolhão, um nobre françês.
Cruzada essa que encontrou pela frente um inimigo dividido e pouco organizado.
Menos de três anos após a partida dos cruzados, estavam já a organizar o cerco à cidade santa de Jerusalem.
Três anos, pode parecer muito, mas não nos devemos esquecer que naquela época, os meios não eram os mesmos que hoje.
E em junho de 1099, os cruzados conseguiram tomar Jerusalém.
A tomada da cidade foi extremamente sangrenta. A quase totalidade dos habitantes muçulmanos, judeus e, até, cristãos orientais foram massacrada.
(Sinceramente…às vezes, tenho impressão que a história se repete…com o eterno conflito entre cristãos e muçulmanos!!!).
Quando a cidade foi totalmente tomada, o poder foi entregue a Godefredo de Bolhão, que, recusou o título de rei, dizendo que nunca usaria uma coroa de ouro onde o Cristo usou uma coroa de espinho.
Aceitando apenas o título de “Protector do Santo Sepulcro”.
Infelizmente, o “reinado” de Godofredo durou pouco. Uma estranha doença, que muitos consideraram consequência de um envenenamento, matou-o no ano 1100.
E foi o seu irmão Balduíno que assumiu o poder. Mas esse, com menos escrùpulos que o seu irmão, aceitou a coroa e o trono de Jerusalém e fez-se chamar : Balduíno primeiro.
Após a morte de Balduino, e sem deixar descendência, o reino de Jerusalém atravessou uma fase complicada.
E a coroa foi assim de irmão para primo e de primo para irmão.
No final, o ùltimo monarca Balduino segundo recebeu a visita de um certo Hugues segundo de Payns, um cavaleiro francês que juntamente com 8 outros cavaleiros formaram a primeira Ordem Do Templo.
O objectivo era : garantir a segurança nas estradas para a Terra Santa dos peregrinos cristãos, que vindo da Europa pretendiam chegar à Jerusalem.
Balduíno entregou então aos nove cavaleiros instalações no Monte do Templo, no local onde, diz a tradição, estariam instaladas as antigas cavalariças do rei Salomão.
E foi à partir daí que o mistério começou a envolver os templàrios.
Porque durante 9 anos, nem um só novo cavaleiro se alistou nas suas fileiras.
E porque os membros da Ordem se dedicaram à buscas do tesouro de Salomão, no local onde estavam instalados. E pensa-se que teriam encontrado grande parte do tesouro, incluindo a Arca da Aliança.
Este ùltimo elemento poderia explicar que a Ordem se tenha enrequecido tão rapidamente e ao mesmo tempo tenha criado tanta inveja.
Nota-se que estamos muito longe dos votos da Ordem do Templo : castidade, pobreza e obediência.
Em 1127, os Templàrios começam a tomar muita importancia. E começam a receber o pleno apoio por parte de toda a Cristandade.
Começam a ter inùmeras recrutas entre a nobreza, para alem de uma enorma quantidade de donativos em dinheiro e terras, provenientes de nobres.
E por muito estranho que pareça, esta generosidade à favor dos Templàrios começa a fazer sentir-se em Portugal.
Pensa-se até que a rainha Dona Teresa, mãe de Dom Afonso Henriques, tambem tenha feito ofertas aos Templàrios, nomeadamente a vila de Fonte Arcada, perto de Penafiel.
Para alem de terras, herdades, quintas e solares doadas pelos cavaleiros que se afiliavam na Ordem.
E foi precisamente na vila Fonte de Arcada que os Templàrios instalaram a sua primeira sede em Portugal.
E quanto mais passava o tempo, mais a Ordem tomava uma vertente militar.
Passado dois anos, jà em Portugal, os templàrios mudaram-se para o Castelo de Soure, perto de Coimbra…mais uma doação de Dona Teresa!!!
Situado na confluência de três rios : Arunca, Anços e Arão, O Castelo de Soure funcionava como guarda avançada à cidade de Coimbra.
E pensa-se que será às portas deste castelo que, em 1144, os templários irão sofrer uma das suas mais pesadas derrotas em Portugal, perante as tropas de Abu Zakaria, vizir de Santarém.
Enquanto a nobreza portuguesa ia dando aos templários quintas e herdades a um ritmo alucinante, contribuindo decisivamente para o enriquecimento da ordem, Dom Afonso Henriques e os seus sucessores seguiam uma outra estratégia.
De facto quase todas as doações em terrenos e forficações, aos Templàrios situavam-se em zonas estratégicas do País.
Póis os reis reconhecendo o poder militar dos templários, atribuiram-lhes funções de primeira linha de defesa contra possíveis ataques de muçulmanos ou castelhanos contra Portugal.
Á partir daí, pode-se dizer que Portugal foi um dos primeiros locais onde o império templário começou a estabelecer-se.
Porque ao contràrio do que aconteceu em França, onde o rei Filipe o belo, vendo que os Templàrios estavam a tomar mais poder e ter mais posses do que o próprio rei, mandou extreminar a Ordem.
Em Portugal, muito pelo contràrio, as relações entre o coroa e a Ordem do Templo continuaram a serem cada vez mais estreitas.
Uma das mais importantes doações feitas por D. Afonso Primeiro à Ordem do Templo foi a do território de Nabância.
Onde iria mais tarde nascer a cidade de Tomar, considerada a mais templària das cidades. Com o seu magnífico castelo e com uma das mais importantes igrejas puramente templárias erigidas no Mundo : Santa Maria do Olival.
Tomar terá sido, depois de Chipre, a capital oficiosa da Ordem do Templo. A sua importância era de tal forma que mereceu uma estrutura defensiva própria, o que incluía os castelos da Cardiga, de Bode, de Zêzere, de Almourol e da Sertã, para além de fortificações em Pias e Domes.
Apesar de Portugal ter sido sempre um refúgio para os templários, devido às estreitas ligações que a ordem tinha com os monarcas, a sua presença em Portugal não foi sempre pacífica.
Logo durante a reconquista, o primeiro bispo cristão de Lisboa, o inglês Gilberto de Hastings, tentou convencer Dom Afonso Henriques a colocar um travão na subida templária. Mas o rei não ouviu o pedido de prudência por parte de bispo.
E quando a 13 de Outubro de 1307, Filipe, o Belo, rei de França, com a conivência do Papa Clemente quinto, decidiu a extinção dos templários, vários monarcas europeus obedeceram às instruções papais.
Todos !…menos o rei Dom Dinis. Póis o rei português exigiu, em troca, que o Vaticano o autorizasse a criar uma nova ordem militar e religiosa, que recebeu o nome de “Militar Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo”.
E temendo que, caso Dom Dinis continuasse a aceitar a permanência dos templários no seu território, o Papa aceitou.
E aquele que ficou para a história como o rei-poeta, mas que tambem mostrou que sabia governar, transferiu os bens templários para a nova ordem, evitando que caíssem nas mãos da igreja, e integrou os cavaleiros da “Ordem do Templo” que o desejassem, na “Ordem de Cristo”, permitindo-lhes escapar à perseguição do Vaticano.
Graças a estas medidas, Portugal manteve a capacidade militar e a cultura dos templários, mesmo se estas continuaram a serem ocultas.
Aliàs, foram os templários que sugeriram a plantação do Pinhal de Leiria, para obter madeira para a construção de uma frota.
E não foi por acaso que, quando partiram para os Descobrimentos, as naus portuguesas ostentaram nas velas a cruz vermelha dos Templàrios.
Mas isso faz parte duma outra história…
Hélène Amoroso.