Fez na passada terça feira 261 anos, dava-se em Portugal uma das maiores catàstrofes que o país jà conheceu!
Um terramoto ao qual se seguiram um tsùnami e um incêndio.
Na manhã do dia 1 de Novembro de 1755 a terra tremeu em Lisboa, durante vários minutos, derrubando edifícios e espalhando os seus destroços por toda a parte.
E o sismo foi de tal modo que até se sentiu no Algarve e na Costa Africana.
Mas rapidamente depois do sismo, o Tejo começou a crescer pelas ruas da cidade, invadindo a baixa. Muitas pessoas que tinha fugido para as margens do rio, para escapar aos edifícios que caiam foram apanhadas pelas águas.
E quando por fim, as ondas se retiraram ficaram espalhados por toda a cidade vàrios incêndios que queimaram o pouco que restava durante 6 dias.
Infelizmente, naquela dia de 1755, não era a primeira vez que Lisboa tremia. Houve 8 terramotos no século XIV, 5 no século XVI e 3 no século XVIII. Mas ambos de consequências menores.
Neste terramoto de 1755, Lisboa ficou quase toda destruida. Cerca de 10.000 edifícios ruiram, e pensa-se que morreram entre 70 e 90.000 pessoas. O que para uma cidade como Lisboa naquela altura era enorme! Foi praticamente 12% da população que perdeu a vida naquela tragédia.
Ao tudo, foram 85% das construções de Lisboa que foram destruídas, e dentro delas desapareceram definitivamente palácios famosos, bibliotecas, conventos, igrejas, e hospitais.
Desapareceram tambem centenas de obras de arte e arquivos preciosos da história de Portugal.
E para esta tragédia ficar para sempre na memória de todos os portugueses, o Convento do Carmo manteve-se em ruinas. Està no centro da cidade e hoje pode ser visitado.
E foi neste contexto de tragédia e confusão que Sebastião José de Carvalho e Melo : o tão famoso Marquês de Pombal, que era secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, revelou as suas grandes capacidades de chefia e organização ao encarregar-se da restituição da ordem na cidade. E foi quase o ùnico que se manteve no seu cargo. Porque quase todas as pessoas influentes no governo e a própria família real fugiram de Lisboa O Marquês de Pombal, ele…decidiu enterrar os mortos e cuidar dos vivos. Um grande homem afinal!!!
E ao mesmo tempo que cuidava da população, começou tambem a pensar na reconstrução de Lisboa.
Pedindo ao engenheiro-mor do reino : Manuel Maia que estudasse a reconstrução da capital. Este por sua vez pediu aos arquitectos que fizessem propostas para as obras.
E foi finalmente Eugénio dos Santos, arquitecto do Senado de cidade que chefiou as obras até 1760, altura em que faleceu e foi substituido por Carlos Mardel, um arquitecto hùngaro imigrado em Portugal.
E a velha cidade medieval de ruas estreitas deu lugar a um traçado de linhas rectas em que os prédios têm todos a mesma altura. E é a famosa baixa pombalina que hoje todos conhecemos.
Póis o Marquês de Pombal queria uma cidade futurista onde se destacasse uma majestosa “sala de entrada”: a grande e bela praça do Comércio com a estàtua equestre de D. José I : O rei que governava Portugal naquela altura.
Os edifícios portugueses que datam da reconstrução de Lisboa foram os primeiros edifícios mundiais a serem construidos com protecções anti-sísmica. E foram testados em modelos de madeira, utilizando-se tropas a marchar para simular as vibrações sísmicas.
Mas hà que saber que várias réplicas do sismo continuaram a sentir-se durante 5 ou 6 meses após este dia 1 de novembro, o que obviamente manteve o povo assustado durante muito e muito tempo.
A competência do Marquês de Pombal não se limitou à reconstrução de Lisboa, não, não!!
Logo depois, ordenou um inquérito para apurar a ocorrência e os efeitos do terramoto na população e na cidade. Com preguntas do tipo :
– quanto tempo durou o terramoto?
– quantas réplicas se sentiram?
– que tipo de danos causou o terramoto?
– se os animais tiveram comportamento estranho?
– o que aconteceu nos poços?
As respostas estão ainda hoje arquivadas na Torre do Tombo. E através este inquérito foi possível aos cientistas recolherem dados fiáveis e reconstituírem o fenómeno numa perspectiva cientifica.
Hoje, pode-se dizer que afinal o Marquês de Pombal foi um precursor da ciência da sismologia.
Mas o drama, é que todos os dados recolhidos permitiram chegar à conclusão que a ocorrência de grandes abalos sísmicos na região de Lisboa tem uma periodicidade de aproximadamente 300 anos.
Sabe-se tambem que Lisboa encontra-se junto de uma falha tectónica.
E o que o sismo de 1755 esteve relacionado com a zona de uma falha que une as placas tectónicas europeia, asiàtica e africana.
E póis tal como jà aqui foi dito, sabemos que o terramoto de Lisboa pode repetir-se e que as consequências serão devastadoras.
Os especialistas apontam que o sismo de 1755 foi ainda maior e mais importante que o sismo que se deu no Japão em 2011 e na Itàlia muito recentemente.
E apontam tambem que as autoridades portuguesas e a população não estão preparados para a ocorrência de outro sismo de grande magnitude.
Estes investigadores pensam que “vai ter de haver uma desgraça para que as coisas mudem” e gostariam de evitar isso, porque um sismo como os de Itália seria “devastador”.
Tanto mais que devido à localização geográfica de Portugal , um sismo seria de intensidade inimaginável. Porque ainda segundo os especialistas, com toda a certeza, um sismo como o da Itàlia iria arrasar Lisboa.
Que tristeza!!!
Sobretudo, quando se sabe que afinal, parece que a solução para evitar mais uma tragédia, seria de reforçar e modificar as estructuras das casas. Ou seja, em vez de as querer mais bonitas, bastava fechar varandas, derrubar algumas peredes e fazer lugares com grandes espaços.
Actualmente, João Appleton, um dos maiores especialistas portugueses em termos de sismologia tem a certeza que Portugal vai um dia sofrer outro sismo como aquele de 1755. E para ele, as zonas de maior risco sísmico no país são o Algarve, a costa alentejana, Lisboa e o val do Tejo.
Ainda segundo ele, as construção não estão preparadas para aguentar grandes abanos sísmicos. Serà por ignorância , desconhecimento das autoridades ou lógica de poupança?
Não se sabe ao certo!
Mas o que é certo é que este especialista tem uma visão muito negativa e pessimista na eventualidade da ocorrência de um terramoto!
Adianta que se a gente se preocupasse mesmo da questão sísmica na construção de uma casa, o custo da norma anti-sísmica só representava 2 a 3 % do custo da construção.
É portanto de esperar que para salvar o nosso país, as autoridades tenham em conta este dado para as futuras consruções no país e nomeadamente nas zonas a risco.